quinta-feira, 18 de dezembro de 2025

 Em 2011, escrevi um texto que intitulei “Minha vida com Ataxia”. Gostei muito de escrevê-lo. Na época, foi quase que libertador colocar em palavras aquilo que eu vivia. Hoje, tantos anos depois, sinto vontade de revisitar essa história, não porque ela mudou completamente, mas porque eu mudei dentro dela. Deixa tentar melhorar um pouquinho e trazer para como me sinto hoje...

Ataxia, para quem não sabe é o nome da minha deficiência, quer dizer, o nome mesmo é Paralisia Cerebral, o tipo é que é atáxica. É uma lesão cerebelar que ocasiona falta de coordenação motora e o equilíbrio. Não conhecemos a causa, por isso é definida por etiologia indeterminada.

Primeiro, deixa eu contextualizar, sou uma pessoa muito brincalhona, tenho meu lado sério também, mas algumas pessoas costumam ter mais meu lado “palhacinha”, como me disseram uma vez, e acho que esse meu lado virou meio que uma proteção minha, uma válvula de escape, dizendo psicologicamente. E assim ficou...

O tempo foi passando e acredito que meio que se fundiu na minha personalidade (acredito que tenha uma de nascença, que são seus traços, e outra que vai se moldando ao longo do tempo) .... Pois é, acho que quem tem alguma circunstância diferenciada, digamos assim, meio que aprende algumas técnicas de sobrevivência para conseguir lidar da melhor maneira que conseguem com seus obstáculos diários. É importante reconhecer e acolher essas estratégias que criamos para seguir em frente. Elas não apenas nos ajudam a enfrentar os desafios mais evidentes, mas também fortalecem nossa autoestima e nossa capacidade de adaptação. Cada pequena conquista diária se torna um motivo de orgulho, e esse processo de aceitação acaba sendo compartilhado, mesmo que sem intenção, com quem está ao nosso redor.

É cansativo sabe.... Mesmo depois de anos, fica meio cansativo durante todos esses anos conviver com o fato do seu equilíbrio pode te desequilibrar a qualquer momento, por mais cuidado que tenha consigo mesmo. É chato na verdade, não vou negar...É cansativo e desafiador. A impressão que dá algumas vezes é de que, quem está de forra (todo mundo tá de fora, o corpo é seu, não dos outros 😊), deve achar que para me equilibrar é só olhar por onde pisa. Não, não é! Não sei bem o que acontece nessas “engrenagens”, mas parece ser um pouco mais complexo do que pensam. E também não é só uma questão de olhar para frente e para baixo, se fosse tão simples assim...

Falo que às vezes preciso fazer uma espécie de reconhecimento de terreno por onde seria melhor passar, mas, esse “terreno” sendo irregular e algumas vezes desnivelado com a maioria das ruas e calçadas que nós temos, não ajuda muito né?

Viver com Ataxia é isso: um equilíbrio constante entre o que o corpo permite, o que a mente aprende e o que o coração insiste em continuar.😘

 

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