Em 2010, concluí minha graduação em artes cênicas na Faculdade de Artes Dulcina de Moraes e comecei a publicar escritos que antes guardava só para mim em um blog chamado NO LIMITE DO EQUILÍBRIO. Desde então, não parei de escrever sempre que encontrava tempo disponível. Atualmente, revisitei meu primeiro texto, escrito lá em 2010, olhando agora para 2025 e já pensando no futuro, entre risos e expectativas sobre novos textos que podem surgir.
Meu
texto inicial, que acabou virando um monólogo (o que foi bastante desafiador),
funcionou como uma verdadeira catarse. Escrevi aos 23 anos e precisei buscar
nas memórias materiais para compor esse trabalho. O melhor de escrever, ao
menos para mim, é poder ter a chance de ressignificar algumas questões, situações
dolorosas ou sentimentos como se fosse um grito silenciado por anos finalmente
encontrando espaço para se manifestar. Faz sentido?
Depois
desse primeiro texto, "Fragmentos de Mim", vieram muitos outros.
Percebi que, conforme escrevia, ficava cada vez mais evidente o que sentia
sobre diversas questões relacionadas a mim, à minha deficiência e ao contexto
onde estou inserida. Tenho orgulho de alguns textos, de outros nem tanto, mas
acredito que encontrei um canal legítimo para dar voz ao que nem sempre
consegui expressar: pensamentos que guardei e que, felizmente, hoje posso
compartilhar.
Em
2025, ainda não finalizei minha segunda faculdade, mas já entreguei a
monografia, o que foi bem trabalhoso, porém gratificante. A principal diferença
entre as duas graduações é que, na primeira eu era a única pessoa com
deficiência, o que me fez perceber aos poucos como falar sobre minha
deficiência pode ser, ou já é, um ato de resistência.
Você
faz parte da minha vida, então é natural que eu queira conversar sobre isso...
sobre ela... sobre você! Nossa história teve início há muitos anos e, até hoje,
você continua me surpreendendo, não de forma negativa, mas porque estou sempre
descobrindo novas facetas suas. Nosso relacionamento tem sido, no mínimo, uma
verdadeira montanha russa, cheia de emoções e aprendizados. Passamos por
momentos bons e ruins, enfrentando tanto dúvidas quanto certezas, e percebo que
cada experiência compartilhada apenas fortalece nosso vínculo. Muitas vezes
reflito sobre como nossos caminhos se cruzam e influenciam quem sou hoje. Todos
os dias, sinto que não dá para sair de casa sem você. Humana e deficiência,
estamos juntos desde o princípio. É como se... “não pode com ele, junte-se a ele”
... No meu caso não tive muita escolha né, já que me acompanha desde meu
nascimento...cresci a aprendi a conviver com você, o que nem sempre tem sido fácil.
No
mês do meu aniversário, retomei o hábito de escrever relatos mais detalhados:
contei histórias das minhas cirurgias, expressei sentimentos sobre elas e sobre
minha deficiência, além de pensar sobre envelhecer, mesmo tendo só 40 anos.
Finalmente consegui organizar e registrar no papel pensamentos que antes
ficavam dispersos na minha cabeça, e a escrita se tornou uma excelente
ferramenta nesse processo. Apesar de refletir sobre esses assuntos há tempos,
só agora consegui colocá-los em palavras. O mesmo ocorre com outros temas que
vão surgindo (já faz tempo que escrevo, mas vou guardando nos meus cadernos
para publicar aqui 😂)