terça-feira, 12 de julho de 2011

Segunda chance...

Segunda chance. Segundas, terceiras, quantas a vida quiser me dar. E ela já me deu algumas. Quando eu era criança, uns cinco anos de idade, entrei num instituto que ficava na Hungria, onde passava maior parte do meu tempo por causa do meu tratamento. Lembro que senti ao chegar lá, a princípio, posso dizer que fiquei um pouco assustada. Gente estranha, um lugar cheio de coisas para fazer exercícios que podiam machucar. Pensei que não ia me achar no meio daquilo tudo ali. De repente me vi ali sozinha, sem minha mãe, que sempre me acompanhava. Então fiquei por me adaptar né?! As aulas eram das nove da manhã às cinco da tarde. Confesso que nos primeiros dias me deu vontade de ir embora, pois minhas pernas doíam muito e os exercícios eram muito puxados. Mas não dava para simplesmente largar e ir.:) Tive muito aprender e sabia que sempre teria, cada vez mais e mais. Lembro vagamente das palavras de uma de minhas professoras, Eva, que dizia: Vai Júlia, você consegue! Durante quase dois anos, todos os dias, a ouvia dizer que se eu me esforçasse muito iria consegui isso e muito mais. Além de mim com ataxia, tinham mais dois que são meus amigos até hoje, a Amanda e o Alex. Por eles também eu não poderia desistir. Aliás, desistir jamais! E foi o que eu fiz, continuei meu tratamento ao lado dos meus amigos e, mesmo minhas pernas doendo, no fundo eu sabia que isso seria bom para mim. Mas o que eu não sabia, nem sequer imaginava era que eu conseguiria fazer tudo que faço hoje. Por isso, tenho várias chances nas mãos, me transformo, me renovo, me reinvento. Todos os dias. Hoje sou quem quero ser. E como posso ser. Sem medo de tropeçar em minhas dificuldades e, a cada vitória, sim, coisas que não podia fazer e agora posso, por mais simples que seja, alegro-me como uma criança e quero que todos vejam QUE EU CONSEGUI “Eu posso, eu consigo, eu transformo”.