É o seguinte...sou uma mulher prestes
a fazer 40 anos e com base no que já ouvi e vi, percebi que algumas pessoas
ficam intrigadas quanto a alguns assuntos relacionados à deficiência mas não
perguntam. Então resolvi trazer aqui um exemplo...SEXUALIDADE! Trago esta
palavra em caixa alta para talvez gerar um certo incômodo mesmo. Se falar sobre
sexualidade pode ser um tabu para muita gente, imagina falar da sexualidade de
uma pessoa com deficiência -- algumas pessoas, senão a maioria, não admite, mas
acha que por termos uma deficiência somos uma espécie de anjinhos que não
pensam nessas coisas kkk.
Falar sobre alguns assuntos
incomoda, né? Agora imagina presumirem que, por termos alguma deficiência, não
podemos amar e/ou sermos amados, não namoramos, não gostamos ou que não
sentimos desejo etc. E, falando nisso, ninguém pergunta para alguém sem
deficiência sobre esses assuntos! Por que será?
Vamos lá...sexualidade,
sexo e relacionamento amoroso estão interligados e fazem parte da condição
humana, não? Pois bem, somos parte também...nós, pessoas com deficiência
podemos experenciar tudo isso também. E, se tem algo que aprendi ao longo do
tempo, é que viver plenamente, se é que dá para fazer algo plenamente, a
própria sexualidade é um direito e uma potência, não importa quais sejam as
nossas particularidades. A sensação de ser vista apenas pela deficiência ainda
é um obstáculo, mas não é maior do que a minha vontade de me expressar, me
apaixonar, viver e ser desejada — com todas as nuances e imperfeições que
existem em qualquer pessoa.
Em relação
ao tema proposto, gostaria elaborar algo: embora já tenha vivenciado alguns
relacionamentos amorosos, ainda sinto certa insegurança ao considerar um novo
envolvimento. Isso porque frequentemente reflito sobre os motivos pelos quais a
outra pessoa deseja estar comigo e, diante das primeiras adversidades, me questiono
quanto tempo levaria para que ela se afastasse. Apesar de adotar o princípio de
não desistir do amor, mesmo depois de “bater a cara”, e de manter o desejo de
me envolver novamente, reconheço que experiências passadas deixaram marcas e,
possivelmente, algum grau de receio. Todos enfrentamos dificuldades em
diferentes níveis, mas vale mais tentar do que ceder ao medo, mesmo quando tudo
parece dar errado.
Somos
pessoas, não somos? Independentemente de qualquer limitação, pessoas com
deficiência também possuem sentimentos, vontades e capacidade de amar ou
manifestar desejos.
Sou uma mulher branca, hétero... e,
com deficiência. Gosto de sexo e, não só do sexo em si, gosto dos carinhos,
beijinhos, abraços... toques em geral, que podemos chamar de preliminares mas
também gosto, adoro, esses carinhos durante também. Aquelas trocas de olhares, embora
tenha estrabismo kkk, me excita, jogos de sedução, embora não saiba muito como
funciona. Nem sei se tenho essa capacidade, mas até agora nunca ouvi
reclamações 😊(estou me expondo muito né? kkk)
Bem, dito isso, vou contar porque
resolvi escrever esse texto. Imagino que algumas pessoas achem que por ter uma
deficiência não namoro, não sinto prazer e/ou por conta do “corpo deficiente”
não posso sentir atração por ninguém e, que alguém possa se sentir atraído por
mim. Acho que algumas pessoas relacionam corpos com deficiência a corpos
defeituosos, incapazes de atrair olhares desejosos e desenvolver um vínculo
amoroso com alguém, só olhares de pena. Social e culturalmente isto ainda parece
ser continuamente reproduzido, apesar de tanto já se ter falado sobre esta
questão. Tudo bem que algumas pessoas são assexuadas ou por algum motivo não
sintam atração sexual, mas não é meu caso. Talvez essa informação possa até
chocar, ainda mais pessoas que já tenham uma concepção pré-estabelecida sobre
mim.... embora sexo e amor não sejam necessariamente a mesma coisa, acredito
que necessita sim de alguma conexão para se entregar, eu pelo menos sou assim...
ficar, dar um beijinhos até que vai mas para mim sexo são outros 500. Adoro estar
apaixonada e, dependendo da pessoa, sinto desejo, vontade de estar junto e,
apesar do que pensam ou possam pensar, posso “namorar” sim -- gente, assim,
esse blog foi feito para expor mesmo e arco com as consequências disso kkk.
Agora existe uma outra questão:
antes de mais nada, tem a danada da QUÍMICA, que no caso acho que não deve se
ater a química somente mas, na minha opinião, um “acontecimento amoroso”
deveria conter, além de química, física e biologia kkk. Digamos assim: vamos
ver no que dá...será que você combina comigo? Nossas bocas se encaixam? E...
mais para frente, nossos corpos se encontram e dão “match”? Ok...vamos lá!! Química, o famoso “o santo tem
que bater”, os mais românticos dirão que há uma conexão entre as pessoas.
Física, ora...quem disser que a beleza física não é um fator de atração está
mentindo! Você se sente atraído por alguém primeiramente pela beleza física,
não é? Primeiramente hein kkk, porque só a beleza não se sustenta gente, até
porque um dia ela vai embora e aí, vai fazer o quê? Biologia, gente... anatomia
né... faz parte, corpos.
Sinto falta de estar com alguém!
Pera aí, deixa eu explicar, não é qualquer alguém. Mereço alguém que esteja na
mesma frequência que eu, que “nossas esquisitices combinem” sabe 😊,
que um queira a presença do outro. E que frequência é essa? Sabe aquela pessoa
que adora beijinhos e abraços? Então, essa sou eu! Claro que tem horas que não
quero nada disso não, mas, na maioria das vezes, gosto de abraços sim, gosto de
beijinhos sim, junto disso adiciono (parece receita, sair adicionando né kk) beijinhos
no pescoço, no canto do lábio...hum....
Recentemente me perguntaram se já
namorei ou se seria melhor namorar alguém “igual a mim”. No começo estranhei a
pergunta, mas não posso dizer que não entendi. Entendi -- e muito bem. A
verdade é que para mim não importa muito se a pessoa com quem estou tem ou não
alguma deficiência: me apaixono pela pessoa e não pela deficiência que possa
ter. Não me aborreço que me façam esse tipo de pergunta. O que me aborrece é
como a pergunta é feita poque, curiosidade, todo mundo tem, só que nem todos têm
coragem de perguntar e, a resposta, caros leitores é não, nunca namorei alguém
com deficiência. Agora, igual a mim, não sei, pois sou maravilhosa e única (autoestima
é tudo né kkk).