quarta-feira, 29 de abril de 2020

gangue do deboche

Relutei.. para escrever isso. Demorei para superar.. para esquecer.
Achei que nunca mais fosse vê-lo até o dia em que, nunca mais havia pensado nele e nem naquela época, o vi, sentado, em o que acredito fosse seu horário de almoço. Fiquei sem reação. Como que depois de tanto anos, um só momento, minutos que fosse, pudesse me trazer lembranças que às vezes gostaria de ter esquecido?
Já se passaram alguns anos que esse encontro inesperado aconteceu mas, aquele dia me marcou tanto, no sentido que, ao voltar a mim, comecei a escrever o que, não sabia como, mas gostaria de ter dito a ele na ocasião. E, fui para casa e escrevi. Só não tive coragem de expor aqui nesse espaço...bobagem né, mas na hora que terminei de escrever me pareceu que não valeria a pena mostrar para ninguém. Enfim, hoje, tomei coragem e decidi colocar para fora hahaha. Escrever me faz bem, quando não consigo me expressar falando, tento a escrita, acho uma boa saída...é terapêutico.

Não sei se devo agradecer ou não. Parando agora para pensar, parte de mim acho que devo a você. Na época não sabia, mas me fortalecia a cada desprezo seu. Fui muito magoada nos tempos da escola. Éramos jovens, crianças, e achava que sabia o que era gostar de alguém e, meu erro, talvez tenha sido gostar muito de você e por isso me machuquei muito.
Nunca te odiei. Não entendia bem por que fazia o que fazia, por que além de não gostar de mim tinha que me humilhar na frente dos outros. E, não satisfeito, era o líder da "gangue do deboche", que por algumas vezes me detonava na sala de aula.
Ei, olha eu aqui, lembra de mim! Sou aquela garota que estudou com você. Aquela mesma que você e tantos outros zombavam.
Gostaria de te dizer que consegui, ou estou conseguindo o que, um dia me disseram que não conseguiria. E ainda digo mais, conseguirei mais coisa.
Houve um tempo em que eu acreditei em você e no seu "esquadrão do deboche". Mas vocês estavam enganados a meu respeito. Ainda tenho aquele andar engraçado que vocês falavam, acho que ainda muita gente deve falar dele mas, quer saber, não vou mais deixar quem quer que seja, gostando da pessoa ou não, me limitar. Já passei por poucas e boas por aí. Superei você, seu esquadrão e tantos outros por aí. Já me deram nomes que não gostei...já deu né.
Algumas vezes já pensei que um dia encontraria pessoas que zombaram de mim no passado e falaria: olha como estou agora, diferente de quem vocês conheceram né? O que vocês pensam de mim agora?...Quer saber, não importa....tchauzinho!
Pensar assim me deixava feliz, queria que me vissem, o que conquistei, que não era mais aquela menina esquisita da escola, cheia de rótulos e não sei mais o que que falavam de mim. Mas, não vejo muita razão em pensar nisso, acho mesquinho até. Cutucar a ferida sabe. 
Vamos nos ver de novo e, provavelmente, não vai se lembrar do que me fez mas, embora não esqueça do que aconteceu, te perdoo. Sei que, assim como você, muitas pessoas se enganarão a meu respeito, posso ter que enfrentar algumas coisas que não sejam muito agradáveis, como naquele tempo mas, não tenho como prever nada e nem exigir que se comportem como eu gostaria. Isso é com elas né!
Hoje, depois de muitos anos, vejo assim: irônico, quem me prejudicou, indiretamente tenha me ajudado na "construção mais forte de mim". Acho que, por isso, te agradeço. Acho que esquecer não vou poder mas acho que posso dizer que estou bem agora.

Um comentário:

  1. Parabéns Ju! por sua superação, aqui quem está a vos falar é a Maria Clara da época da escola, acompanhei um pouco da sua luta, andávamos juntas, sempre gostei da sua companhia, pra mim sempre foi exemplo de superação, e espero em breve marcarmos de nos encontrar e bater um bom papo!

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